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  • Foto do escritor: Lari Pestana
    Lari Pestana
  • 14 de ago. de 2021
  • 3 min de leitura

Vamos falar sobre isso?



A primeira vez em que falei para alguém que era adotada foi surreal. Incrível, mesmo.

Estávamos eu e mais uns 4 ou 5 amigos conversando, na escola. Ensino médio. Estudei na mesma escola desde que tinha 7 anos de idade, 10 anos haviam se passado e era a primeira vez que estava tendo um diálogo sobre o assunto.

- Eu fui adotado bebê, me deixaram na porta da casa dos meus pais - disse um colega.

- Nossa, eu também! - disse outra.

Até então, eu vivia com medo de falar para alguém que eu também era adotada, já que eu meio que fui criada assim. Então algo dentro de mim dizia que eu não podia participar daquela conversa. Mas, mesmo assim...

- Eu também! Mas minha história é meio diferente...



Eu tenho orgulho da minha história. Amo demais ouvi-la - embora eu sinta que meus pais (principalmente minha mãe) possam não gostar muito disso. Mas olha só isso...

Meus pais não podiam ter filhos, e descobriram isso depois de passar por algumas experiências ruins - que eu acho que não convém citar aqui. Então, minha mãe precisou passar por uma cirurgia, retirou o útero e, depois disso, conversou com meu pai sobre a adoção. A minha sorte é que ambos acreditam que família não é feita apenas de sangue.

Bom, a partir daí começaram a pesquisar sobre o assunto, conversar com amigos que entendiam sobre, ir atrás de agências de adoção. Assim, encontraram o lugar perfeito para pedir pela filha deles. Sim, único pedido: "queremos uma menina".

Passaram-se alguns meses, não sei exatamente quantos, mas eles dizem que foi menos que o esperado. E aí receberam a tão aguardada ligação.

Essa é a minha parte favorita, prestem atenção!!


Eu nasci, uma pessoa da agência ligou para os meus pais e a história é o seguinte:

- Havia dois casais na frente dos meus pais

- Um deles estava viajando e não poderia receber a criança

- O outro, aparentemente, estava sem meios de contato, então não atenderam à ligação

O resto vocês já entenderam, né?!

Ligaram para os meus pais, eles largaram tudo que estavam fazendo e foram me buscar. E aí começamos nossa aventura juntos.

No dia 07 de junho de 1994.

Quando eu falo dessa data, normalmente eu digo "o dia em que eu fui pra casa". Percebi isso enquanto pedia fotos pra minha mãe para que eu pudesse ilustrar este texto.

Isso é porque eu acredito que, muito mais importante do que nascer, é ter um lar. Eu amo muito saber que meus pais biológicos tiveram a sensibilidade de buscar uma forma de me dar uma vida melhor que aquela que eles talvez poderiam me dar. E eu tenho certeza de que a minha família é a melhor que eu poderia ter.

Eu tenho os olhos do meu avô, os cabelos do meu pai, as mãos e a altura da minha mãe, mania de organização de uma tia distante, o gênio forte de outros não sei quantos familiares... e eu sempre soube, desde os meus 4 anos de idade, que isso não vinha do sangue.

Vinha de algo muito maior que isso.


Contar a minha história me rendeu amizades, novas histórias e um TCC incrível na minha primeira faculdade, ideia original da Bruna, amiga minha que ama me ouvir falando disso (e espero que ame ler esse textão enorme também).

Mas eu também entendo o medo que eu tinha, quando mais nova, de contá-la para outras pessoas.

Inclusive, não comentei aqui, mas eram meus pais quem pediam para que eu evitasse trazer o assunto à tona.

E hoje, de novo, eu entendo.



Em meio a tantas experiências incríveis, eu também já recebi olhares tortos. Caras de nojo. Comentários do tipo "nossa, nada a ver criar o filho dos outros". Um desses, inclusive, recentemente, em pleno 2021.

Mas, sabe... não me importo. Porque eu amo a minha história. Eu amo a minha família. Eu amo a experiência que tudo isso me trouxe ao longo da vida.

E eu fico feliz em saber que eu ainda posso educar algumas pessoas, que têm a mente mais aberta, sobre a adoção. Principalmente em um país como o nosso, que tem mais de 35 mil crianças esperando por uma família para chegar em casa. E renascer.

Eu amo vocês, pai e mãe. Obrigada por tudo que já fizeram e ainda fazem por mim, e que tenho certeza que seguirão fazendo pelo resto de nossas vidas!

E para aqueles que me geraram, pai e mãe biológicos... meu muito obrigada por me proporcionarem tudo isso.


Mamãe me dando banho e tomando banho junto
Papai babão dando colo pra nenê encasacada




 
 
 
  • Foto do escritor: Lari Pestana
    Lari Pestana
  • 25 de mai. de 2021
  • 3 min de leitura

Eu acho engraçado... Tantas páginas na internet e pessoas que eu conheço dizem que cada sofrimento é válido, que ninguém sabe do sofrimento de outro e que se alguém diz que sofre preconceito é preciso prestar atenção, dar força e ficar do lado dessa pessoa pra que consiga passar por momentos difíceis que venham a acontecer por conta disso. Então por que menosprezam quando alguém diz que sofreu por ser "magro demais", por exemplo? O termo "magrofobia" pode até não existir, mas será que só por isso o preconceito também não existe? Não estou escrevendo isso só por mim, porque sei que tenho amigas e amigos que sofreram do mesmo jeito. Mas vou usar minha vida como exemplo. Nunca tive o peso adequado para a minha idade ou altura. Cansei de ouvir, quando era mais nova, que ninguém ia se interessar por mim, ninguém ia querer ser meu amigo ou conversar comigo. Tudo isso por ser "magra demais" e "ter aparência de doente". E, pasmem: ouvia isso de membros da minha própria família. Agora, demais mesmo era ir pra escola e escutar as piadinhas e apelidos. "Parece um alfinete", "se virar pro lado some", "cuidado pra não cair nas rachaduras do pátio e não conseguir voltar!", "se um carro passar e você estiver no meio-fio é perigoso você sair voando". Você acha que isso incentiva a comer mais? Pois é, não incentiva. Por esses e outros motivos, o ensino médio foi a época em que eu mais emagreci, menos fiz amigos, mais me fechei e mais fiquei quieta na minha. Eu era uma adolescente de 16 anos que pesava 43 quilos. Dava pra contar minhas costelas, ver meus ossos dos ombros... era horrível. E todo mundo dizia isso. E eu sentia isso. E cada vez eu emagrecia mais. Me lembro que, em uma semana, perdi 5kg. Aí você pensa que a família e amigos tentaram ajudar? Tentaram avisar que eu estava mal e me indicaram médicos? Me deram remédio? Apoio? Não, não foi assim. As piadas só aumentaram. E tudo que eu comia me fazia mal. Desenvolvi uma gastrite nervosa que eu nunca havia tido na vida. A ponto de cogitarem fazer uma cirurgia porque estava com uma pequena úlcera surgindo. Meu corpo rejeitava tudo que eu comia. E eu achava que aquilo era normal. Isso é o pior. Parecia que eu estava sofrendo aquilo tudo por eu estar fora dos padrões, mas quando eu engordasse ia melhorar tudo. Hoje, quatro anos depois, ainda não estou no meu peso ideal, mas já pareço mais "normal". E, ainda assim, não me sinto como tal. As piadas não pararam, não parei de escutar tudo aquilo que ouvia antes. O que mudou foi que aprendi a me controlar, me tratei contra meus problemas físicos e melhorei minha mente. Os comentários não me abalam tanto. Eu tenho plena consciência de que hoje em dia eu estou muito melhor que antes. Mas ainda não consigo me olhar no espelho e me sentir satisfeita. Quem me conhece sabe. Sempre acho que estou muito abaixo do peso. E se engordo um pouco fico feliz, mas logo me sinto culpada. Nunca cheguei ao ponto de anorexia ou bulimia, mas tenho certeza de que se fosse alguém com uma mente não tão estabilizada, seria fácil chegar lá. Agora, me diz uma coisa... Esse preconceito não existe? Não menospreze o sofrimento de alguém. Ele ou ela pode precisar de você mais do que você imagina.

~Larissa Pestana 24/05/15

 
 
 
  • Foto do escritor: Lari Pestana
    Lari Pestana
  • 24 de fev. de 2021
  • 1 min de leitura

A calmaria depois da tempestade


Hoje é o primeiro dia, depois de muito tempo, que me sinto bem. Melhor que isso: me sinto feliz.

Acordei feliz por ser dia de ir à academia e ao pilates. Feliz por ter uma consulta marcada com a psiquiatra (será que tem a ver?). Incrivelmente feliz por ter voltado a gargalhar com a minhas séries e sonhar com minhas leituras.

Acordei, abri as janelas, tomei meu café da manhã, fiz meus exercícios, tomei um bom banho... tudo com um sorriso no rosto.

Mas eu não posso evitar pensar que isso é só uma fase e que, daqui a uma hora, um dia, uma semana ou um mês, eu posso estar de novo na cama, chorando sem saber o porquê, sem vontade de sair de lá.

Mas quer saber? Na verdade eu posso, sim. Posso evitar esses pensamentos e focar no aqui e agora, no presente, no meu bem-estar.

E é isso que eu vou tentar fazer. E espero que você, que está lendo isto, também tente e, mais que isso, consiga!

 
 
 

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