- Lari Pestana
- 20 de mai. de 2020
- 3 min de leitura

Um breve texto sobre um longo assunto
Eu não sei ao certo quando o feminismo entrou na minha vida. Se alguém me perguntar, provavelmente direi que foi na época da faculdade, quando comecei a participar de palestras e rodas de conversa sobre o assunto e comecei a militar em conversas casuais com familiares e amigos que diziam certas coisas contra o movimento. Um começo bem tímido.
Mas acho que foi antes.
Bem antes, quando eu estava na adolescência, eu assistia a programas como Skins que, apesar de ensinar o certo a partir do errado, tem cenas fortíssimas sobre empoderamento feminino. Friends é uma série que me acompanha desde sempre, e apesar de ser um tanto quanto datada e ter diversas problemáticas a serem discutidas, traz o feminismo em cenas leves de humor, deixando sempre um ensinamento diferente.
Mas se eu for pensar bem, muito antes disso eu já tinha exemplos dentro da minha própria casa. Minha mãe escolheu não parar de estudar e me criar enquanto estava na faculdade de Direito. Hoje em dia ela tem três faculdades e é uma das mulheres mais instruídas que eu conheço. Minha tia, irmã dela, é policial. Foi para a área depois de ouvir que "não tinha autoridade dentro de sala de aula" na época em que era professora. E olha que nenhuma delas - até onde eu sei - se considera feminista! (E tá tudo bem, já que feminismo não é sobre obrigações, e sim sobre liberdade!)
Então sim, eu comecei a ter maior contato no final do meu ensino médio e começo da faculdade. Mas eu admito que ainda era leiga demais e falava muita besteira, como em diversos outros assuntos também. Mas isso só me fez querer aprender cada vez mais. Por isso comecei a estudar, ler, assistir a vídeos, pesquisar mais. E ouvir mais pessoas próximas a mim que discutem sobre o assunto também. Já levei umas bordoadas na orelha de militantes do feminismo negro, por exemplo, e descobri que não é sempre que tenho lugar de fala. Mas esse tipo de experiência me fez descobrir que eu mesma também tenho voz e posso chamar a atenção em situações que me dizem respeito, como quando alguém faz uma piada misógina, um comentário machista ou defende que feminismo é o oposto de machismo.
Aprendi também a respeitar as diversas vertentes do movimento, e descobri que, apesar de não me identificar com alguns, eu preciso de todos eles para garantir os meus próprios direitos e os de outras mulheres.
O feminismo tem ainda uma longa caminhada para crescer e se desenvolver, abraçando e amparando diferentes mulheres que necessitam dele. Assim como eu ainda tenho muito o que aprender do que já existe dele. Hoje em dia participo de um grupo de estudos que aborda temas abrigados no movimento com uma visão psicológica dos fatos. É incrível, nunca aprendi tanto com pessoas que têm tanta bagagem. Um sentimento de pertencimento indescritível. Esse grupo me dá o poder e a força que eu preciso pra seguir lutando por tudo que eu acredito, mesmo com um conhecimento (ainda) meio limitado - obrigada por isso, meninas!
Hoje, em maio de 2020, isso é o que eu tenho para dizer sobre o assunto. Mês que vem, ano que vem, daqui a 10 anos, tudo pode mudar. E eu espero que mude - para melhor.
Vamos ver como vai ser.
Convido você a conversar e pesquisar sobre. Garanto que vai ser um divisor de águas na sua vida também.